08 fevereiro 2010

Preparação do encontro de sexta

Olá a todos!
Me alegro muito de saber que vosso trabalho continua em força, e que está dando frutos deliciosos, do qual este blog é um exemplo.
Combinei com a Mônica estar presente na reunião de sexta para discutirmos o texto do Ubiratan colocado em baixo. É um texto síntese de suas ideias sobre matemática e educação, e parece-me um óptimo ponto de partida para discutirmos aspectos filosóficos e políticos que caracterizam o programa de etnomatemática, como Ubiratan o coloca. Acabei agora mesmo de o ler e, dos muitos pontos para discussão, estes foram os que me despertaram o interesse, sob a forma de questões:
1. Ubiratan, a respeito das implicações educacionais da etnomatemática, diz que "Sem dúvida, desde que o conceito de sucesso ou insucesso seja desvinculado de se obter boas marcas nos testes padronizados." Ora, estando todo o actual sistema de ensino (desde a sala de aula - os eternos testes como principal medida de avaliação do aluno; passando pelos exames nacionais até ao PISA, a uma escala internacional) montado em torno da classificação de pessoas, onde o teste é o principal instrumento, não deveríamos, antes de sugerir implicações pedagógicas, lidar com este problema que compromete qualquer bem intencionada implementação (mesmo de ideias etnomatemáticas)? Se sim, como pensar a escola sem classificação? Ou com outro tipo de classificação baseada não no conhecimento mas no trabalho despendido pelo aluno (como a assimilação solidária do Baldino)?
2. Ubiratan coloca a educação na dialéctica do novo e do velho: na educação a cultura do velho confronta-se com a do novo - a missão de transmitir o já estabelecido (não só conhecimentos mas comportamentos), com a ânsia de inovar, de partir para o inesperado e o desconhecido. Mas, nos dias que correm, não é o velho que aparece mascarado de novo? Ou será o novo, só por ser novo, melhor que o velho? Sugiro que pensemos em educação também na dialéctica do "eu" e do "outro", isto é, a educação como esse encontro impossível (como diria Freud) entre aquilo que eu pretendo ser e as demandas do outro para que eu seja.
3. Finalmente, Ubiratan parece isolar a vertente política da etnomatemática naquilo que ele chama de educação matemática crítica. Contudo, no meu entender, todo o programa de etnomatemática é, desde o início, um programa político. Ao fazer a crítica da matemática académica como hegemónica e excludente, estamos já no campo da política. Que vos parece?
Tinha combinado com a Mônica discutirmos também um texto de Zizek, senhor que muito nos tem influenciado em nossos entendimentos da realidade social. Zizek publicou durante alguns anos artigos semanais no jornal brasileiro "A Folha". No site http://zizek.weebly.com/textos.html
estão alguns desses textos. Se tiverem curiosidade dêem uma olhadela, podemos discutir um deles em próximos encontros. Para este, minha sugestão é que confrontemos este texto do Ubiratan com este de Roberto Baldino onde ele desenvolve uma crítica ao modo como encaramos os chamados "conhecimentos do dia-a-dia" e a construção de significado. Sendo um texto desafiante, acho que é um bom contra-ponto ao texto do Ubiratan. Fica aqui o link:

http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/bolema/article/view/983/913


Para quem tiver curiosidade em saber o que é assimilação solidária (onde o que é valorizado é o trabalho e não o conhecimento matemático) dêem uma olhadela no texto do Baldino: www.unemat-net.br/prof/foto_p.../onze_anos_depois.doc

Vamos nos falando...
Abraço
Alexandre

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